Este é um tema que todos sabemos um pouco, mas que nunca buscamos conhecer mais profundamente. Pelo menos é isso que sinto quanto falamos de disreguladores hormonais. Então resolvi escrever um pouco sobre o assunto de forma a trazer mais  atenção a ele.

Os hormônios são mensageiros químicos produzidos por células ou glândulas endócrinas e que transmitem sinais de uma célula a outra. Os hormônios trabalham em conjunto com muitos órgãos e sistemas a fim de controlar e manter a homeostase do corpo (equilíbrio interno), controlando os níveis de energia do corpo, a reprodução, o crescimento, o desenvolvimento, e as respostas ao ambiente, ao stress e lesões. Portanto, como o nome já diz, os desreguladores endócrinos podem interferir nos sinais hormonais do nosso próprio corpo devido e consequentemente mexer com o funcionamento normal do nosso organismo.

Os desreguladores endócrinos são encontrados em alimentos, bebidas, remédios, pesticidas, e cosméticos. Assim, a exposição a eles pode se dar através da alimentação, do ar, da pele, e da água.  Alguns produtos químicos que tem desreguladores hormonais, como é o caso do pesticida DDT, das dioxinas e dos bifenilos policlorados (BPCs), são muito persistentes e demoram a se degradar no meio-ambiente, o que os torna potencialmente perigosos durante muito tempo.

Os desreguladores hormonais podem interferir no equilíbrio natural do corpo de três maneiras. Primeiro, eles podem imitar hormônios que são produzidos naturalmente pelo nosso organismo, como o estrogênio, o androgênio, e os hormônios da tireoide,  potencialmente produzindo estimulação excessiva desses hormônios no nosso organismo. Ou eles podem se ligar aos receptores das célula e bloquear o hormônio produzido pelo nosso corpo de se ligar a essa mesma célula, impedindo o corpo de responder apropriadamente a estímulos hormonais. Por fim, eles podem também interferir ou bloquear a forma natural com que os hormônios são produzidos pelo corpo, alterando o seu metabolismo no fígado, por exemplo.

Quem são eles?

•   DES (Diethylstilbestrol) é uma forma sintética do hormônio feminino estrogênio. Costumava ser prescrito para mulheres grávidas, entre os anos 1940 e 1971, a fim de evitar aborto espontâneo, trabalho de parto prematuro, e outras complicações inerentes a gravidez. O uso de DES foi interrompido após estudos terem comprovado que ele não era eficiente na prevenção destes problemas. Além do mais, outros estudos demonstraram que a exposição ao DES aumentava as chances do desenvolvimento de câncer cervical, de mama e adenocarcinoma. Também comprovou-se que mulheres que tomaram DES durante a gravidez tiveram um aumento no risco de desenvolver câncer de mama.

•   As dioxinas são grupos de compostos químicos, poluentes ambientais! Elas são encontradas em todo o mundo, no meio ambiente e se acumulam na cadeia alimentar, principalmente nos tecidos adiposos (de gordura) de animais. Mais de 90% da exposição humana a dioxina se dá através da alimentação, em especial na alimentação a base de carnes, laticínios, peixes e mariscos. Este produto químico altamente tóxico pode causar problemas reprodutivos e de desenvolvimento, danificar o sistema imunológico, interferir com a ação dos hormônios e também causar câncer.  O feto em desenvolvimento é ainda mais sensível ao contato com as dioxinas. O recém-nascido, com o rápido desenvolvimento dos órgãos, podem ser mais vulneráveis certos efeitos.  Algumas pessoas, ou grupo de pessoas, podem ser expostos a altos níveis de dioxina devido a sua alimentação ou pelo seu tipo de profissão. Por exemplo, os amantes da carne e aqueles que trabalham na indústria de celulose são mais vulneráveis a exposição a dioxina. Qualquer pessoa que se alimente como um típico americano irá consumir 93% da sua taxa de dioxina através do consumo de carnes e laticínios (23% vem somente do leite e de laticínios; a outra parte vem da carne vermelha, de peixes, porco, aves, e ovos). A melhor maneira de evitar o contato e exposição as dioxinas é reduzir ou eliminar o consumo de carnes e laticínios.

•   BPC's (Bifenilos Policlorados) pertence a uma grande família de produtos químicos  criados pelo homem que são conhecidos como hidrocarbonetos clorados. Os BPCs eram usados em centenas de produtos industriais e comerciais. Apesar deles não serem mais produzidos para venda nos EUA, os BPCs podem estar presentes em produtos e materiais fabricados antes de ter sido proibido em 1979. Alguns produtos que podem conter BPCs são: transformadores elétricos, reguladores de voltagem, interruptores, óleos usados em motores e em sistemas hidráulicos, isolantes de fios, plásticos, papel-cópia sem carbono,  revestimentos de assoalhos, entre outros. Já foi comprovado que as BPCs causam câncer em animais e também uma série de efeitos na saúde do homem incluindo efeitos no sistema imunológico, sistema reprodutor , sistema nervoso, sistema endócrino, toxicidade hepática , colesterol alto e pressão arterial elevada.

•   O DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) foi o primeiro dos inseticidas modernos a ser desenvolvido, fato que ocorreu nos anos 1940. Foi a principio usado, com grande sucesso, no combate a malária, ao tifo, e a outras doenças derivadas de picadas de insetos, pelos militares e também pela população civil, assim como também foi usado para o controle de insetos na produção agrícola e pecuária, instituições, casas privadas e jardins. Diante da rápida aceitação que o DDT teve como pesticida, nos Estados Unidos e outros países, isso levou ao desenvolvimento de resistência ao mesmo por parte de muitas espécies de pragas de insetos. Hoje em dia o DDT é classificado por autoridades norte-americanas e internacionais como um produto cancerígeno. Esta classificação é baseada em estudos com animais de laboratório em que alguns deles desenvolveram tumores no fígado. Sabe-se que o DDT  é muito persistente no meio ambiente, também se acumula em tecidos adiposos e pode percorrer longas distancias na atmosfera. Pelo fato do DDT ter sido descontinuado nos EUA, a sua concentração no meio ambiente e nos animais diminui. Porém, devido a sua propriedade persistente, ainda hoje continuamos a ingerir resíduos de DDT que vem do próprio meio ambiente.

•   DEHP (ftalato de di-2-etilhexila) é um produto químico com elevado volume de produção, usado em embalagens de alimentos, em alguns produtos infantis, e também em alguns equipamentos hospitalares de PVC. O DEHP pode oferecer risco no processo de desenvolvimento, em especial nos bebes do sexo masculino que esteja em estado crítico de saúde.

•   BPA (Bisfenol A) é um produto químico produzido em larga escala para ser usado principalmente na produção de plásticos de policarbonatos e resinas epóxi. Este químico sintético, cujos efeitos são similares aos do estrogênio, é usado em produtos como mamadeiras, garrafas de água, lentes de contato, equipamentos hospitalares, brinquedos, CDs e DVDs, telefones celulares, equipamentos eletrônicos, eletrodomésticos, equipamentos de segurança para esporte, aviões, e carros. O forro da maioria das latas de bebidas e alimentos é feito com resina epóxi. Adesivos, e pintura de automóveis também são feitos de BPA. Ele também é encontrado em revestimentos dentários e extintores de incêndio. Estudos indicam que as crianças são as mais vulneráveis aos efeitos do BPA, que atinge o cérebro, o comportamento, e a próstata. Os pais devem ser os responsáveis por minimizar a exposição a esse produto químico. Para isso, não use o microondas para aquecer alimentos embalados em objetos de plástico, reduza o consumo de enlatados, sempre dar preferencia a objetos de vidro, porcelana ou aço inoxidável para armazenar alimentos, principalmente aquecidos e líquidos. Só use mamadeiras que tenham 0% de BPA!!!! Alguns, mas não todos, os objetos plásticos são marcados com códigos de reciclagem. Se tiver marcado com o numero 3 ou 7 podem conter BPA .

•   Fitoestrogênios são substâncias naturalmente presentes nas plantas que age de forma semelhante ao estrogênio. O estrogênio é um hormônio necessário para a procriação e está relacionado a saúde dos ossos e das condições cardíacas em mulheres. Entretanto, muita exposição a estrogênios ao longo da vida está diretamente relacionada ao aumento de risco de câncer de mama. Já foi constatada a presença de estrogênios em 300 alimentos. A maioria dos alimentos que contém fitoestrogênios pertence a uma dessas três classes: as isoflavonas, as lignanas ou os coumestans. A principal fonte alimentar a conter fitoestrogênios do tipo isoflavonas são a soja e seus subprodutos. As lignanas são encontrados em alimentos ricos em fibras, como farelo de cereais, feijão e sementes de linhaça. Os coumestan são encontrados em diversos grãos, como ervilhas, feijão e favas. Se consumidos com moderação e nos seus estados naturais, estes fitoquímicos podem trazer grandes benefícios à nossa saúde. Só são prejudiciais quando consumidos em grandes quantidades, mais processado e de forma isolada ou concentrada.

Aos interessados na relação do câncer de mama e a soja, segue um resumo excelente, escrito pela Dr. Melina Jampolis sobre o texto da especialista em nutrição Rachel Beller.

"Beller explained that while phytoestrogens are similar to human estrogens, their effect on human estrogen levels has not been well-researched because plant estrogens are 1,000 times weaker than the estrogen produced in our bodies.    Many studies suggest that soy isoflavones' estrogen-like effects are probably too weak to have any significant consequence on breast tissue in healthy women - that includes breast cancer survivors.  

Regarding the association with breast cancer, Beller points to a 2011 study published in Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention that found soy to be safe and favorable, even for breast cancer survivors, when eaten in its natural, unprocessed state - for example, tofu, tempeh, edamame, miso soup. In fact, experts agree that fermented soy (miso, tempeh) is good for you. The fermentation process alters the chemical makeup of soy, which reduces the level of isoflavones by as much as 300%. Therefore fermented soy foods have three times less of the chemical in question.

While this study does not conclusively establish the safety of soy, phytoestrogens aside, soy is not only an excellent source of heart healthy plant-based protein, which is encouraged in the latest dietary guidelines for Americans, it also contains dozens of nutrients that also appear to help fight cancer development. These nutrients can protect cells from becoming damaged, encourage faulty cells to die instead of reproducing, regulate cell growth and even improve cell communication. These are all things that help strengthen your body against cancer and heart disease.

 A study has also shown that consumption of soy early in life may help protect against breast cancer later in life, even if it may be more questionable for post-menopausal women. What's also noteworthy is that Asians have been eating soy foods in large amounts for centuries, and their traditional soy-rich diets are associated with lower risks of breast and prostate cancer than Western diets. Beller goes on to say that the "bad rap" that soy's been getting is due to the fact that when we hear something's "good for you," we process it to the max, extract the good stuff and concentrate it, which basically makes it lose its original identity. Skip the processed soy foods and supplements, especially if you have a history of breast cancer.

The bottom line: If you have no history of breast cancer, there is no known high or harmful amount of phytoestrogens, and foods such as unprocessed soy are an important part of a healthy diet.

 

Foto ilustrativa retirada do Google.